sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Curiosidades

Na preocupação cidadã de estar informado, também se têm de acompanhar as sondagens... e os respectivos comentários.
Estes são os do Expresso, lidos hoje:

"Se as sondagens forem a pedra de toque nas negociações para o acordo pré-eleitoral da coligação, o CDS não tem bons números para apresentar. No estudo da Eurosondagem, o partido de Paulo Portas cai um ponto percentual. Não é muito? Bem, se pensarmos que o partido vale nesta altura 6,9% (menos 4,8 pontos do que conseguiu nas legislativas), um ponto não é uma queda menor.
Neste estudo, o CDS puxa para baixo a soma dos dois partidos. A pergunta é se este resultado pode complicar a difícil distribuição dos lugares.
Juntos, PSD e CDS têm agora 33,6% (há um mês tinham 34,8%), ficando a 4,5 pontos do PS. Mas se compararmos PSD e PS, o fosso é de quase 12 pontos. É verdade que os socialistas não descolam, mas é também um facto que se mantêm com uma vantagem confortável sobre o principal adversário.

Pequenos crescem
Sinal importante deste estudo é o crescimento do PDR de Marinho e Pinto e do Livre de Rui Tavares, ambos sem assento parlamentar. A nova força política de Marinho e Pinto sobe meio ponto percentual, e o partido de Tavares duas décimas. Juntos já valem mais que o Bloco de Esquerda. Mas este mês também o BE ganha fôlego. Será o efeito "je suis Syriza"?

Nota final para os resultados da popularidade. Aos olhos dos portugueses, Cavaco Silva volta a piorar o seu saldo. É, aliás, o único a registar um saldo negativo de opiniões. António Costa continua a ser o líder partidário com melhor saldo de popularidade em Portugal."

CDS
Paulo Portas
CDS
PSD e CDS
PS
PSD e PS
PDR de Marinho e Pinto
Livre de Rui Tavares
Marinho e Pinto
Tavares
Bloco de Esquerda
BE
Cavaco Silva
António Costa

Não falta nada nem ninguém?
Ou será que ainda existem?

Um comunicado que deve ser divulgado








COMUNICADO 01/2015

CONTRIBUINTES EUROPEUS NÃO PODEM SUBSIDIAR 
COMPLEXO MILITAR-INDUSTRIAL DE ISRAEL

Numa altura em que países europeus estão sujeitos a asfixiantes medidas de austeridade, a União Europeia prepara-se para encaminhar o dinheiro dos contribuintes para apoios ao complexo industrial-militar-científico de Israel ao abrigo do programa Horizonte 2020.
O Programa Quadro Comunitário Horizonte 2020 é um dos mais ambiciosos a nível mundial e dispõe de um fundo de mais de 77 mil milhões de euros para apoiar a investigação e o desenvolvimento, no período 2014-2020, em três vertentes: excelência científica, liderança industrial e desafios societários. Na sua qualidade de Comissário Europeu responsável das áreas da Investigação, Ciência e Inovação, competirá a Carlos Moedas a gestão deste importante fundo. Em 8 de Junho de 2014 Durão Barroso e Benyamin Netanyahu assinaram o acordo de adesão de Israel ao programa Horizonte 2020, o que lhe confere os mesmos direitos dos estados membros e dos países associados.
Segundo a Comissão Europeia, de acordo com as regras definidas pelo Conselho da União Europeia, pelo Parlamento Europeu e pela própria Comissão Europeia, os financiamentos ao abrigo do programa Horizonte 2020 só podem ser atribuídos a projectos com aplicações civis. Também, em resposta a pressões da sociedade civil, a União Europeia estabeleceu orientações para o acesso de Israel a fundos europeus, designadamente “o respeito pelas posições da EU e compromissos em conformidade com o direito internacional sobre o não reconhecimento pela EU da soberania de Israel sobre os territórios ocupados desde 1967”.
É, também, oportuno recordar as declarações de Federica Mogherini, a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, pouco após a sua tomada de posse, ao abordar a questão israelo-palestina: “(…) a Europa não pode ser eternamente o pagador sem ter um papel político. Isto acabará por criar frustração no cidadão contribuinte que, especialmente em tempos de crise, está preocupado com o uso correcto do dinheiro público...”.
Portanto, existe um quadro legal, um normativo e manifestação de intenções que permitem excluir o financiamento a Israel para projectos que suportem a sua actividade criminosa de ocupação, apartheid e colonização. Mas estarão estas medidas a ser seriamente implementadas?
No passado dia 9, Israel anunciou que já tinham sido aprovados 162 projectos no Horizonte 2020, com participação israelita, no valor total de 452,3 M€. No total, foram submetidos 906 projectos com participação israelita, pelo que 744 ainda estão a aguardar decisão. É, pois, altura de agir.
Como é que os fundos comunitários, supostamente dirigidos a projectos civis, acabam a financiar o esforço bélico israelita, com os consequentes crimes de guerra e violações de direitos humanos?
Em primeiro lugar, pela permeabilidade ou dupla utilização da tecnologia: A investigação alegadamente destinada a aplicações civis pode ser utilizada em aplicações militares ou de segurança em situações que constituem violação do direito internacional.
Em segundo lugar, pela permeabilidade do dinheiro: O dinheiro canalizado para as empresas aumenta o seu fluxo de caixa, dando-lhes um desafogo que lhes permite a aquisição de novas empresas ou o desenvolvimento de novas tecnologia.
Em terceiro lugar pela política de “porta giratória” entre as empresas privadas e a elite militar israelita, com o consequente fluxo incontrolado de conhecimento.
Um dos mais notáveis cúmplices e beneficiários do esforço de guerra israelita é a Elbit Systems - basta ver que, na sequência da mais recente agressão a Gaza, as suas acções subiram 6,6%! A Elbit Systems candidatou pelo menos 9 projectos ao Horizonte 2020 e foi amplamente beneficiada no anterior programa-quadro comunitário. A Elbit Systems desenvolveu tecnologia para a construção do Muro do Apartheid, declarado ilegal, incluindo os sistemas de vigilância e um veículo terrestre não-tripulado, armado. A Elbit Systems e suas subsidiárias asseguram os sistemas de vigilância de colonatos ilegais. A Elbit Systems forneceu, às forças armadas israelitas, novas armas testadas durante a “Operação Margem Defensiva” contra Gaza. Depois da operação, o CEO da empresa declarou: “todos os produtos da Elbit estiveram em uso operacional pelas IDF nos recentes combates e deram boas provas”.
Um dos projectos submetidos pela Elbit Systems visa o desenvolvimento da tecnologia LGI (Laser Gated Image). Esta tecnologia pode ter utilizações civis mas também é usada em aplicações militares em sistemas de segurança e vigilância e pode ser – quase certamente será – usada, por exemplo: na vigilância do ilegal Muro do Apartheid; em embarcações não tripuladas como as que atormentam os pescadores de Gaza; em veículos aéreos não-tripulados, os infames drones que tantas vítimas civis provocaram; no equipamento dos atiradores especiais utilizados em execuções extra-judiciais.
Toda a evidência mostra que, qualquer financiamento à Elbit Systems será utilizado, não para aplicações civis, mas para aplicações contra civis.
O MPPM apela ao Governo Português, aos Grupos Parlamentares da Assembleia da República e aos Deputados portugueses ao Parlamento Europeu para que exerçam a sua influência junto das instâncias comunitárias para que, no respeito pelo seu próprio normativo, exclua dos mecanismos de financiamento e cooperação europeus a Elbit Systems e qualquer outra entidade israelita, incluindo as suas subsidiárias, que estejam envolvidas no complexo militar-industrial científico do país e, como tal, coniventes nos crimes de ocupação, apartheid e colonização praticados por Israel contra o povo palestino, condenados pelo direito internacional e pelo direito humanitário internacional.
Lisboa, 26 de Fevereiro de 2015
A Direcção Nacional do MPPM
MPPM – MOVIMENTO PELOS DIREITOS DO POVO PALESTINO 
E PELA PAZ NO MÉDIO ORIENTE
Presidente da Assembleia Geral | Carlos Araújo Sequeira
Presidente da Direcção Nacional | Maria do Céu Guerra
Vice-Presidentes | Carlos Almeida, Carlos Carvalho, Frei Bento Domingues
Secretário para as Relações Internacionais | Silas Cerqueira
Presidente do Conselho Fiscal | Frederico da Gama Carvalho
Rua Silva Carvalho, 184 – 1º Dtº | 1250-258 Lisboa | Portugal | Tel. 213 889 076 | NIPC: 508267030
mppm.palestina@gmail.com | www.mppm-palestina.org | www.facebook.com/MPPM.Movimento.Palestina
O MPPM é uma Organização Não Governamental 
acreditada pelo Comité das Nações Unidas 
para o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino 
(Deliberação de 17 de Setembro de 2009)

No dia de hoje, há 62 anos, 62% de perdão de dívida à R.F.A.

Acabada a guerra de 1939-45 foi como se voltasse a luta de classes que se interrompera para travar a a barbárie na Europa. Ou, melhor dizendo, a União Soviética (o povo e o exército da classe operária no poder) teve força para se erguer e impedir que a guerra provocada pelo nazi-fascismo ficasse, na História, como a derrota do nazi-fascismo pela barbaridade dos seus “excessos”… mas depois deste ter ganho na frente leste e, assim, derrotado o sistema político e social implantado na Rússia, emergente e resistente a uma guerra civil, a um cerco feroz e a agressões múltiplas (o bebé que teria sido necessário abafar no berço, como afirmara Churchill no começo da sua carreira de deputado que o levou à intangível mitificação).

O facto que fica para a História é que os Aliados ganharam a guerra, e os Aliados eram 4, mas divididos em 3 – os Estados Unidos, a França, o Reino Unido – e mais 1 – a União Soviética. O que contribui para colocar todas as limitações ao vero significado de palavras como Aliados. 

Ora, retomando…, acabada a guerra de 1939-45, e ainda antes dela acabada, começaram a dividir-se claramente as águas entre os Aliados. Partidos e sindicatos de classe, movimento operário e social tomaram o poder em vários países e, noutros, impuseram uma correlação de forças que levou à conquista de direitos sociais há muito reivindicados. Do lado do capital tinha de haver reacção, havia que impedir que o Exército Vermelho viesse a piquenicar nos Champs Elysées.

Para essa reacção quase só se podia contar com os Estados Unidos, que tinham saído pletóricos do conflito. Por isso, Bretton-Woods, Plano Marshall, NATO (1949) e outras iniciativas bombeirais para o mundo ocidental. E, mais para os extremos orientais, a guerra da Coreia, a divisão desta em duas pelo paralelo 48º.


Nesta senda, a 27 de Fevereiro de 1953, faz hoje 62 anos, foi assinado um acordo em Londres que tem o maior significado. 20 países decidiram perdoar mais de 60% da dívida da República Federal da Alemanha entre eles Grécia, Irlanda e Espanha. O tratado, assinado em Londres, foi determinante para o país se tornar numa grande potência económica mundial e num importante aliado dos Estados Unidos durante as décadas da Guerra Fria contra a antiga União Soviética eos Estados que a ela se foram juntando ou aliando pontualmente como “não-alinhados”.

O acordo assinado em Londres foi determinante para a RFA se tornar numa grande potência económica mundial e num importante aliado dos Estados Unidos durante as décadas da Guerra Fria. Na fronteira de República Democrática Alemã, onde se incluía a cidade-chave de Berlim, menos a zona de ocupação dos ”aliados ocidentais”.

O perdão da dívida foi, na prática uma extensão e reforço das ajudas financeiras directas do Plano Marshall e permitiu à R.F.A. reduzir a dívida criada antes, durante e depois da chamada 2ª Guerra Mundial. Segundo o historiador belga Eric Toussaint, presidente do “Comité para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo”, "O acordo estabeleceu a possibilidade [por parte da R.F.A.] de suspender pagamentos e renegociar as condições caso ocorresse uma mudança substancial que limitasse a disponibilidade de recursos", . A R.F.A. beneficiou ainda de uma medida excepcional que, em alguns casos, permitiu reduzir taxas de juro cobradas ao país em cinco pontos percentuais.

Outro historiador, o alemão Albrecht Ritschl, confirmou que existiu de facto um perdão de dívida gigantesco ao país, que no caso do credor Estados Unidos foi quase total. "Em 1953, os Estados Unidos ofereceram à Alemanha um haircut, reduzindo o seu problema de dívida a praticamente nada", (entrevista à revista Spiegel, em 2011).

Assinaram o "acordo sobre as dívidas externas alemãs" com a R.F.A. os seguintes países: Bélgica, Canadá, Ceilão, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Irão, Irlanda, Itália, Jugoslávia, Liechtenstein, Luxemburgo, Noruega, Paquistão, Suécia, Suíça, Reino Unido, República da África do Sul,.

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Tão exemplo, tão exemplo!... com "pulseira electrónica"

TSF:

Bruxelas coloca Portugal sob vigilância apertada 
por «desequilíbrios excessivos»
foto EPA/JULIEN WARNAND

A Comissão Europeia anunciou hoje que, no quadro das análises feitas no contexto do semestre económico, decidiu colocar cinco Estados-membros, entre os quais Portugal, sob «monitorização específica», por desequilíbrios económicos excessivos.

terça-feira, fevereiro 24, 2015

Sustendo a obscenidade!...

Não foi na 2ª mas foi na 3ª. Os dos EuroGrupo aprovaram o exigido "papiro de compromisso" grego. Por video-conferência. Pelo prazo de 4 meses, e cheios de "sim... mas também..." e "vamos lá a ver!"
hipócrita negociação (embora muito útil pelo abanão que veio dar) encerrou esta fase. O "filme" segue já, depois de um curt(íssim)o intervalo para respirar.

não os podemos deixar respirar!   

Não se pode passar ao lado - a falsificação da HISTÓRIA

A Associação Conquistas da Revolução tomou conhecimento que na página 264 do livro "PREPARAÇÃO PARA O EXAME FINAL NACIONAL 2015 - HISTÓRIA-A", editado pela Porto Editora de autoria de António Antão, com a revisão cientifica de Armando Malheiro da Silva contem incorrecções graves que denunciamos.

Transcrição da página 264

“…insubordinações e sublevação geral. É então que, em 25 de Novembro, sob a argumentação de que se estava a preparar uma tentativa de golpe, animada pela esquerda militar e pelo PCP, um grupo de militares moderados liderados pelo general Eanes, respondeu com um contragolpe. Fosse em resposta ou fosse por livre iniciativa, o que aconteceu em 25 de Novembro foi uma surpreendente e arriscada acção militar contra o avanço da esquerda radical que acabou por conduzir as forças moderadas ao poder. Vasco Gonçalves foi demitido e um VI Governo Provisório é entregue a Pinheiro de Azevedo, politicamente mais moderado.
Era o fim da fase extremista do processo revolucionário. A revolução regressava aos princípios democráticos e pluralistas do 25 de Abril, que serão confirmados com a promulgação da Constituição de 1976.
…”

A clarificação da ACR:

Impõe-se, desde logo, a correcção duma alteração grave de datas:
O General Vasco Gonçalves foi exonerado do cargo de Primeiro Ministro do V Governo Provisório em 12 de Setembro de 1975. A sua passagem compulsiva à situação de reserva é que é posterior ao 25 de Novembro.
O General Eanes era, à data do 25 de Novembro de 1975,Tenente-coronel 

Impõe-se, ainda dizer o seguinte:

O 25 de Novembro - A história está mal contada

Que o 25 de Novembro teve como objectivo travar o processo revolucionário, ninguém tem dúvidas. E, hoje, todos percebemos bem porquê: porque num país verdadeiramente democrático, onde o povo é quem mais ordena, os ladrões, os corruptos, os predadores de todos os matizes, não têm lugar, ou melhor, têm lugar em espaços com grades nas janelas.
Nos poucos mais de quinhentos dias, anteriores ao 25 de novembro, a maior parte dos quais sob Governos de Vasco Gonçalves, a revolução portuguesa ergueu todo um edifício democrático de direitos, construído com os ganhos civilizacionais da Humanidade do final do 3º quartel do século XX, que a Constituição da República Portuguesa de 1976, também ela  conquista da nossa Revolução, regista.
O 25 de Novembro, não foi o fim da fase mais extremista da nossa Revolução, foi o início, isso sim, da contra-revolução. Contra um povo que, embriagado da liberdade e da democracia e envaidecido dos direitos que durante tantos anos lhe haviam sido negados, facilmente se deixou enganar, embalar, nos cantos de sereia de uns quantos mentirosos bem falantes, travestidos de gente, mas no íntimo vendidos e rendidos às ordens do grande capital nacional e internacional.
Os ditos oficiais moderados, alguns mesmo sem o saberem, acreditamos, deixaram-se envolver nas manobras mais torpes das forças contra-revolucionárias da direita revanchista, derrotada no 28 de Setembro e no 11 de Março, traindo os seus próprios camaradas.
Ganharam? Não! Abriram as portas ao inimigo que paulatinamente os aniquilou também como imprestáveis e indesejáveis para os seus intentos.
O inimigo, esse sim ganhou e, hoje, refastelado nos corredores do poder, empanturrado no festim do saque, escarnece de todos nós.


segunda-feira, fevereiro 23, 2015

Por onde anda a família Pangloss?!









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Dívida pública furou meta 

do Governo no final do ano

LUÍS REIS PIRES
Dívida pública furou meta do Governo no final do ano






Madame Pangloss

Dívida pública voltou a subir em 2014 e chegou aos 128,7% do PIB. Já o excedente externo da economia nacional caiu mais de 30%.
A dívida pública portuguesa somou 224,5 mil milhões de euros no ano passado, ou seja, o equivalente a 128,7% do PIB. Os dados constam do Boletim Estatístico do Banco de Portugal (BdP), divulgado hoje, e mostram que o endividamento das administrações públicas furou a meta do Governo para 2014, que era de 127,2% do PIB.
Ainda não foi desta que se inverteu a tendência de agravamento anual, já que a dívida subiu sete décimas face a 2013.
No entanto, no último trimeste do ano houve uma melhoria: o endividamento acabou por recuar face ao rácio de 131,4% que se registava em Setembro.
Já o excedente externo da economia portuguesa somou no ano passado 3,6 mil milhões de euros, o que representa uma quebra na ordem dos 30% face aos 5,2 mil milhões acumulados em 2013.
O saldo que Portugal apresenta nas relações com o resto do mundo continua a ser positivo - uma conquista dos anos da troika -, mas nota-se já uma queda significativa, à medida que o consumo recupera e as importações sobem -agravando o saldo da balança comercial -, e a balança de rendimentos se agrava.
É que em relação às trocas comerciais, Portugal continua a ter um saldo positivo nos serviços, mas o excedente estagnou no ano passado. Já nas trocas de bens o défice comercial aumentou quase mil milhões de euros.
Já a balança de rendimentos, que mede o saldo dos pagamentos feitos e recebidos com juros, rendimentos, dividendos e remessas, foi negativa em cerca de 2,5 mil milhões de euros.

domingo, fevereiro 22, 2015

Não se confunda adrenalina com testosterona...e mais avulsas (e convulsas)

  • Não se confunda adrenalina com testosterona!
  • E não se insista em chamar braço de ferro ao que se transformou em teatro de bonecreiros, onde o papel mais triste coube aos intérpretes portugueses, desde o PdaR à boba boneca loura.
  • A palavra-chave deste episódio/tragédia grega é HIPOCRISIA.
  • Curiosamente, nela não se podem incluir os tais intérpretes portugueses... por ingenuidade (?!) ou excesso de falta (!) de bom gosto, bom senso, pudor.
  • A luta continua, contínua, aprendendo-se - penosamente - com as ilusões que se frustram, com a luta de classes que se não pode escamotear, com os séculos de História.
  • Hoje, em o mundo... com uma velha capa - que tapa e destapa... - da comunicação social




Para este domingo... num fim de semana de "ressaca" nas vésperas de uma 2ª feira de mais (des)ilusão

Um pequeno dossier 
(e triste, e de luta... que continua!)


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O PCP denuncia todo o processo de chantagem, pressão e imposição que rodeia o acordo agora anunciado, em que fica bem patente a hipocrisia da União Europeia e dos seus principais responsáveis.
Independentemente de ulterior análise ao conteúdo e consequências deste acordo, o que sobressai neste processo é que as orientações e limites impostos pela União Europeia e pela União Económica e Monetária constituem inaceitáveis constrangimentos ao desenvolvimento de políticas em favor dos legítimos interesses e aspirações dos povos, respeitadoras da sua vontade e soberania.
O que o actual acordo testemunha é não só a natureza e objectivos da política da União Europeia de intensificação da exploração e redução de direitos dos trabalhadores e dos povos, mas também a patente limitação de enfrentar esses objectivos sem afirmar coerentemente o direito de cada povo a uma opção soberana de desenvolvimento.
O PCP expressa a sua solidariedade aos trabalhadores e ao povo grego e valoriza o papel da sua luta, bem como da luta dos restantes povos da Europa, na defesa e conquista de direitos e da melhoria das suas condições de vida que, como o acordo agora anunciado vem mais uma vez comprovar, são sistematicamente negados pelos pilares e natureza do processo de integração capitalista na Europa.
O PCP condena a postura do governo português que vergonhosamente se afirmou como um dos mais devotos seguidores da ofensiva desencadeada pela União Europeia visando a imposição da continuação das políticas de retrocesso social e de empobrecimento. Uma postura tão mais condenável quanto contrária ao interesse e dignidade nacionais.
O que este processo vem comprovar é que só uma política alternativa, patriótica e de esquerda pode promover em Portugal o desenvolvimento e o progresso económico e social e romper com o caminho de declínio para onde o País está a ser arrastado. É esse o caminho de afirmação soberana que o PCP propõe e que está determinado a trilhar assumindo todas as responsabilidades que o povo lhe entenda atribuir e que assentará sempre na vontade, intervenção e força dos trabalhadores e do povo português.
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How Greece Folded To Germany: The Complete Breakdown

  
5. Four months rather than six months – Greece requested a six-month extension, but the Eurogroup only agreed to four months. This is a crucial point: it means the extension expires at the end of June. As the graph below shows, Greece faces two crucial bond repayments to the ECB in July and August which total €6.7bn. This is a very tough hard deadline. There is limited time for the longer term negotiations which will take place – provided that a final agreement on the extension is reached. It is very likely we will be back in a similar situation at the end of June. 
150211_Open_Europe_graph itemprop=
(...)
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retirado de Económico (com "traduções" do autor do artigo)
ECONOMIA/POLÍTICA
O acordo do Eurogrupo
explicado 
parágrafo a parágrafo
BRUNO FARIA LOPES
Ontem 22:54

O comunicado divulgado pelo grupo dos 19 ministros das Finanças da zona euro está escrito com a habitual linguagem mais ou menos codificada da burocracia europeia. O Económico ajuda o leitor a navegar, em português corrente, pelos parágrafos do texto que define os termos do acordo entre a Grécia e os restantes 18 países do euro.
"The Eurogroup reiterates its appreciation for the remarkable adjustment efforts undertaken by Greece and the Greek people over the last years. During the last few weeks, we have, together with the institutions, engaged in an intensive and constructive dialogue with the new Greek authorities and reached common ground today."
Tradução: Nós ganhámos. Depois das últimas semanas de anúncios do novo governo grego de fim da ligação à troika, de medidas contrárias às do programa, de fim da austeridade, de renegociação da dívida pública (com obrigações perpétuas e títulos ligados ao crescimento) e de reivindicação de metas mais baixas para o excedente orçamental, nós, 18 dos 19 ministro das Finanças do euro, ganhámos o braço-de-ferro.
"The Eurogroup notes, in the framework of the existing arrangement, the request from the Greek authorities for an extension of the Master Financial Assistance Facility Agreement (MFFA), which is underpinned by a set of commitments (…).
TraduçãoA troika continua. Estendemos o empréstimo actual, mas sob condições: a avaliação do programa da troika tem de ser terminada com sucesso. A eventual flexibilidade para mudar as condições do actual programa será "considerada em conjunto" entre as autoridades gregas e as "instituições". Na nossa linguagem de Bruxelas, este é um duplo eufemismo - "as instituições" são a troika (palavra que desapareceu do léxico do Eurogrupo) e o trabalho "conjunto" sempre foi a forma a troika e nós, ministros das Finanças do euro, vendemos publicamente o modelo de interacção com os governos nacionais (em Portugal, enquanto a troika limitava o raio de acção do Governo, os seus técnicos diziam que quem decidia e implementava as medidas era o Governo).
"The Greek authorities will present a first list of reform measures, based on the current arrangement, by the end of Monday February 23 (…).
Tradução: Nada está garantido. Nós, Eurogrupo, damos-vos só três dias para apresentarem uma lista de medidas de reforma baseadas nos compromissos do actual programa Será a troika a avaliar se a lista é convincente e só depois damos luz verde.
"Only approval of the conclusion of the review of the extended arrangement by the institutions in turn will allow for any disbursement of the outstanding tranche of the current EFSF programme and the transfer of the 2014 SMP profits. Both are again subject to approval by the Eurogroup." 
TraduçãoRepetimos, agora mais alto: nada está garantido. Sem lista aprovada pela troika nós, o Eurogrupo, não aprovamos o envio do dinheiro da tranche, nem o repatriamento de lucros do Banco Central Europeu com obrigações gregas.
"In view of the assessment of the institutions the Eurogroup agrees that the funds, so far available in the HFSF buffer, should be held by the EFSF (…)"
Tradução: O dinheiro da banca é para a banca. Não serve para outros fins, como vocês pediram. Por isso, o dinheiro vai passar do fundo helénico de estabilização financeira (designado por HFSF) e vai para o Fundo Europeu de Estabilização Europeia (o EFSF). Continua ao vosso dispor, mas só pode ser usado mediante pedido aprovado pelo Banco Central Europeu.
"In this light, we welcome the commitment by the Greek authorities to work in close agreement with European and international institutions and partners. Against this background we recall the independence of the European Central Bank. We also agreed that the IMF would continue to play its role."
TraduçãoA troika, agora com nomes. Estão aqui o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional. A Comissão Europeia, do presidente Juncker que falou em acabar com a troika, está escondida no bolo das "European institutions".
"The Greek authorities have expressed their strong commitment to a broader and deeper structural reform process aimed at durably improving growth and employment prospects, ensuring stability and resilience of the financial sector and enhancing social fairness. (…).
TraduçãoVocês, Governo grego, vão poder escolher alguma da vossa austeridade ("reformas estruturais" é eufemismo para medidas duras permanentes num determinado sector). Concordamos com a vossa intenção de combater a evasão fiscal e a corrupção, bem como reformar o Estado, algo que já deveria ter sido feito há muito. Mas atenção: os nossos técnicos vão estar de olho na forma como o vocês farão isto.
"The Greek authorities reiterate their unequivocal commitment to honour their financial obligations to all their creditors fully and timely."
TraduçãoA dívida pública é para pagar.
"The Greek authorities have also committed to ensure the appropriate primary fiscal surpluses or financing proceeds (…)."
TraduçãoPercebemos que estão aflitos. Este ano podem vir a contar com uma flexibilização da meta de excedente orçamental primário, que é de 3% do PIB. Mas será uma flexibilização ligeira, cedida pela troika, que não corresponderá à vossa "linha vermelha" de 1,5%.
"In light of these commitments, we welcome that in a number of areas the Greek policy priorities can contribute to a strengthening and better implementation of the current arrangement. (…)"
TraduçãoA troika manda. Vocês, governo grego, não vão inverter, nem alterar medidas do programa de ajustamento que tenham impacto na economia ou nas finanças públicas - e quem avalia esse impacto é a troika.
"On the basis of the request, the commitments by the Greek authorities, the advice of the institutions, and today's agreement, we will launch the national procedures with a view to reaching a final decision on the extension of the current EFSF Master Financial Assistance Facility Agreement for up to four months by the EFSF Board of Directors. We also invite the institutions and the Greek authorities to resume immediately the work that would allow the successful conclusion of the review."
Tradução: Agora nós vamos aprovar isto nos nossos parlamentos. E vocês, a seguir, vão ter de trabalhar no duro. Com a troika.
"We remain committed to provide adequate support to Greece until it has regained full market access as long as it honours its commitments within the agreed framework."
TraduçãoEste acordo é para cumprir.

sábado, fevereiro 21, 2015

Reflexões lentas – sobre um marxista errático, um Marx com erros e truques correlativos

Há muita maneira de acompanhar o que está a acontecer na Europa, na União Europeia dentro da Europa, no EuroGrupo dentro da União Europeia, dentro e entre os países que são Estados-membros, cada um no seu e todos na confusão que grassa.
Pelo meu lado, procuro acompanhar tudo em todas as suas faces e versos. O que é, evidentemente, uma tarefa impossível… Mas tento apanhar, de cada face, de cada verso, uma faceta ou uma facécia, algo que me ajude a perceber melhor o tempo que me calhou viver.
O aparecimento meteórico de Yanos Varoufakis despertou-me muito interesse. O protagonismo que foi tomando, com a postura (ou pose?) determinada e convicta, arrasta as perguntas quem é? e de onde apareceu?. Naturalmente, as respostas encontradas pelo Expresso, que as foi buscar ao The Guardian (que também visitei), dizem muita coisa do homem, até porque ele as diz de si. E não são de hoje, e hoje não as renega, actualiza-as. Actualiza relativamente ao Festival de Cinema de Zagreb, de 2013, em que fez uma intervenção, que agora retoma, e que o retrata.
Não obstante simpatizar com a afirmação de que Marx lhe deu as ferramentas que o tornam imune à propaganda (a que chama tóxica) do neoliberalismo, não vejo muito bem como pode usar essa ferramenta para salvar o capitalismo de si próprio, o que terá a ver com a sua vocação ou tendência para abusar do errático.
A expressão/definição marxista errático é bastante sugestiva. E, só por si, é traço identificador. Aliás, quem se queira marxista terá de ter algo de errático (como será o significado do que se traduziu por erratic e errático em língua grega?) porque interpreto ser marxistacomo não ser dogmático, fechado, detentor de um ”modelo”, antolhada. Como ter Marx por exemplo, na sua eterna (enquanto vivo) busca de conhecer mais e melhor (a sempre inalcançada “perfeição das cousas”, diria Cesário que continuaria à procura se ainda estivesse vivo século e meio depois). Vou mais longe: marxista errático é redundante.
Mas também pode ser contraditório se se abusar do errático e o tornar em “à deriva”, ou confundir com denúncia de erros de Marx. Que os teve, naturalmente. Que reconheceu alguns e alguns corrigiu, como o de, no Manifesto (com Engels) falar de trabalho onde devia falar de força de trabalho.
Por isso me parece desajustado e malevolamente aproveitada a proximidade léxica e a referência a erros de Marx dos quais o humilde Marx não tem qualquer responsabilidade. Nem o marxismo.
E aqui entronca uma outra confusão (se confusão é). Entre marxismo e comunismo, ou melhor: entre marxista e comunista. Para mim, ser comunista é ter uma concepção de vida e de universo, e assumir a tarefa de ajudar à transformação do mundo para o tornar mais humano segundo essa concepção. E acho eu (veja-se lá…) que se pode ser comunista sem se ser marxista (por de Marx pouco ou nada se saber), mas já dificilmente entendo que se diga marxista quem não seja comunista. Pois ser marxista implica a assunção dessa tarefa transformadora. Que terá de ter gradações erráticas porque errático é o fluir da história, é a sucessão dos sucessos. E implica a participação em colectivos que, enquanto organização para o cumprimento da tarefa assumida, tenham o marxismo como parte fundamental da base teórica.
O que ainda menos entendo é que, após a errática auto-definição de marxista errático e de denunciar "dois erros espectaculares de Marx", que não se percebe muito bem quais tenham sido, Varoufakis avance com o enunciado de um truque, cujo seria o de evitar o marxismo revolucionário. Ou seja, havendo um marxismo errático, o que haveria a fazer seria usar do truque de evitar que o errático passasse pela revolução, quando o marxismo é revolucionário, filosófica e economicamente, porque a sua matriz é a da mudança da qualidade (logo revolução) nas coisas, é a alteração revolucionária das relações sociais de produção que são a definição marxista de capital (nem errática, nem – acho eu…- errada).    
Continuaria a reflexão (que continua, evidentemente...). Apenas deixando, neste fugidio apontamento, duas outras palavras como trampolim permanente para reflectir: tempo (histórico) e necessidades (humanas).   


Dois cartoons com 5 anos de diferença

Em 2010, Lattuf fez este cartoon - que se publicou aqui -, no começo da  saga grega (e não só), com o então governo do "centro" a beijar o pé merkelliano (brrr...), com a intenção afirmada de resolver o problrma financeiro por via de um apertão do cinto do povo grego. 




Passados estes anos, em 2015, GR7 (obrigado, Gonçalo) procura ilustrar as situações por que vão passando os povos (e não só o grego), com o seu traço e cor. Neste cartoon, na sequência do que aqui se deixou sobre o Jocker (ou Juncker???) e da inusitada solidariedade da ministra das finanças de Portugal ao ministro das finanças da Alemanha (!!!) de mais que beija-pé, mandou-nos esta boneca boba credibilizando a austeridade:

sexta-feira, fevereiro 20, 2015

A face oculta, ou o outro lado do "disco"

apesar de antigo, este documento é muito oportuno

Para que o muito (não tudo!...) dilucidado não fique sem consequências políticas



Conferência de Imprensa, Miguel Tiago, Deputado, Lisboa

PCP apresenta projecto para apuramento dos beneficiários finais das transações financeiras que lesaram o BES e o Estado Português

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O PCP apresentou um Projecto de Resolução que propõe a constituição de uma comissão técnica para efectuar o apuramento dos beneficiários finais das transacções financeiras que lesaram o BES e o Estado Português. Miguel Tiago afirmou na sua declaração que é importante saber quem beneficiou com o rombo que foi provocado num grupo económico que detinha um banco e com as consequência sofridas pela economia e o país.

De repente, após o jogo (de bluff e chantagem?!), a maior confusão

Quem acompanhou a troica bem por dentro (presidente do Eurogrrupo), ao ser eleito (salvo seja... confirmado) presidente da comissão vem falar de comportamento indigno para com os povos, confessa pecados (qual a penitência?). Jogou o Jounker como carta decisiva (ou talvez não...).
Segundo a cartada, deixaariam de ser os técnicos a fazer as malfeitorias de tanto se arrependem, e continuariam com a mesma política mas à sua responsabilidade, e não por delegação em "troikas" (ou lá o que era...). Política a ter de ser executada por técnicos, evidentemente. Da Comissão, do BCE, do FMI... mas não em troika, ou seja, troikcados!
Assim se salvariam algumas  faces. adiando-se inevitáveis confrontos... e saídas que o governo alemão sempre quis e estáirritado por não serem obedecidos (ou parecer que não...)
E por cá? O Bloco exulta em bloco, o PCP confirma até à exaustão as suas posições (que são razões e - vê-se - razoáveis), o PS diz que sim mas que também (quando mesmo tem que dizer alguma coisa "nesta matéria"...), o governo diz que Jounker fez muito mal, o PSD diz que sim, que fez mal... mas nem por isso, o CDS diz que o tal Jounker é um plagiador porque não fez mais que dizer o que o PP sempre disse. 

(imagem da Revolução Já)







Entretanto, no "curral real", D. Pata Negra publicou um texto que bem me fez rir (http://reidosleittoes.blogspot.pt/2015/02/um-milagre-portugues.html) incluindo uma composição que não resisto a reproduzir.

quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Clarificador e da maior oportunidade

 - Edição Nº2151  -  19-2-2015

Momentos de clarificação
na Europa
Amanhã termina o prazo do ultimato do Eurogrupo à Grécia. Um ultimato que, tirando partido da terra queimada por anos de políticas ditas de austeridade, usa a destruição, dependência e fragilidade da economia grega para chantagear e atacar todo um povo.



Ao momento da redacção deste artigo todas as hipóteses e desenvolvimentos do chamado «caso grego» são possíveis. Esta é a semana das decisões. Amanhã, sexta-feira, os olhos estarão postos no Eurogrupo, mas também em Atenas, onde o governo prevê aprovar um programa de medidas sociais. Para trás estará a reunião do BCE de ontem, quarta-feira (que ao momento da redacção deste artigo ainda não se tinha realizado) que irá abordar a questão do financiamento à Grécia, usando assim a dívida e as necessidades de financiamento do Estado como arma de chantagem, demonstrando mais uma vez como é falsa a «independência» do BCE.
Quem assistir à discussão da «questão grega» na comunicação social poderá ficar com a ideia de que o embate é entre visões diametralmente opostas sobre o papel da União Europeia. Não é exactamente assim. O governo grego já fez saber publicamente, várias vezes, que pretende manter a Grécia no euro e na União Europeia. O próprio plano Varoufakis reafirma esse pressuposto e aceita 70 por cento do conteúdo político do actual Memorando de Entendimento. O que o governo grego está neste momento, objectivamente, a procurar, é o espaço necessário, dentro do quadro da União Europeia e do euro, para conseguir aliviar o peso do serviço da dívida nas contas nacionais, garantir o financiamento ao funcionamento do Estado e assegurar que as receitas do Estado sejam prioritariamente canalizadas para medidas de alívio social.
E o que é sintomático dos tempos que vivemos, e do estado a que chegou o processo de integração capitalista, é que estas intenções do Governo grego suscitam por parte de governos como de Portugal – que poderia ganhar e muito com medidas como uma renegociação da dívida – um abjecto empenho em falar pelo dono e em adoptar uma postura que além de profundamente contrária aos interesses nacionais, adopta como seu um discurso racista e colonialista que remete o povo grego, e já o fez relativamente a Portugal, para a condição dos caloteiros preguiçosos do Sul que não querem pagar o que devem. 

O debate é político
O que está em causa não é um embate entre credores e devedores, onde os segundos não querem pagar o que devem. Não! a questão não é essa. O embate é entre um país e um povo que disseram não a mais exploração e empobrecimento e uma União Europeia que quer continuar a fazer da Grécia uma «lição», demonstrando pela prática que não é a vontade dos povos que determina o rumo da União Europeia mas sim a vontade dos poderosos, por mais destruição e sofrimento que isso implique. Ou seja, trata-se de um embate político entre uma super-estrutura de poder construída em nome dos povos mas à margem destes e os povos que se expressam clara e crescentemente, de forma legítima e democrática, contra esse poder anti-democrático que lhes destrói as vidas, submete os seus países e hipoteca o seu futuro.
Mais do que um simples debate sobre o pagamento de uma dívida estamos a lidar com a expressão política da crise na e da União Europeia, e todos já o perceberam. Daí o «quebrar de verniz» dos principais rostos da toda-poderosa União Europeia e a sua obstinação em afirmar que «não há alternativa ao memorando» e de que as «regras são para cumprir». 

Três questões nodais 
Neste preciso ponto do processo há três questões nodais que importa reter. A primeira é a de que conservadores e sociais-democratas estão unidos na chantagem e na imposição da via única. Por isso a resistência e as alternativas têm de se demarcar claramente das duas correntes que têm liderado o processo de integração capitalista na Europa. A segunda é que é cada vez mais claro para amplas massas populares que o euro e a União Europeia são uma parte do problema e não da solução, uma espécie de prisão onde estão reféns os trabalhadores, os povos e os estados da Europa e de onde os urge libertar. A terceira é que a realidade está a começar a demonstrar que há muito pouco espaço de manobra dentro da UEM para implementar medidas favoráveis aos trabalhadores e aos povos. Portanto a questão da imposição por via política de um processo intergovernamental de abordagem política da questão das dívidas soberanas; da revogação de instrumentos de domínio como o Tratado Orçamental, entre outros; e, mais importante, da ruptura com as políticas e orientações da UE, e em especial da UEM; são questões nodais para fazer deste momento um avanço na luta dos trabalhadores e povos da Europa, um momento que como já se viu exige coragem, determinação, verticalidade e, sobretudo, a rejeição quer da chantagem quer das meias-verdades.

Ângelo Alves 

quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Cópia (régia) de cópia e mais cópia

o domínio alemão vai sobre rodas:
"Sinto muito pelos gregos. Elegeram um governo que se comporta de maneira bastante irresponsável"
Wolgang Schäuble

há povos que se escondem por trás dos seus "vichys"?  não! os povos são outra coisa!...  quando, acossados,  se lembram que são povo, nem o diabo os pára! os gregos estão imparáveis! nós por cá vamos andando, graças a deus!
escrevi isto só por causa do desenho do Sítio dos Desenhos e das palavras das Palavras são Armas.

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com as desculpas devidas
e mais as devidas vénias

terça-feira, fevereiro 17, 2015

Reflexões lentas - negociar e reestruturar

"Ouver" estes fulanecos que nos dirigem (e representam!) causa náuseas. E não só no estomago, em todos os aparelhos circulatórios e/ou encefálicos. É inadmissível o modo como as "instituições" ("europeias", intra-"europeias" - BCE - para(lá da)-U.E., o FMI) tratam a questão da dívida e dos "mercados", agora no caso do Estado-membro Grécia. Chega a espantar tanto despudor. Para mais, sabendo-se que há, entre esses senhorecos (e senhorecas, há que desonrar o género), uns tantos/as que mais podem e que, desde sempre, consideraram que a Grécia (e Portugal e a Irlanda... já não afirmo a Espanha) estavam a mais na moeda única. 
O caso é que, estando lá estes, há que fazer pagar, aos respectivos povos, o facto de lá estarem e, como já eram economicanente atrasados, mais atrasados têm de ficar. Divergentes (como se diz...), à revelia do que se afirmou em promessa. São só contradições e mentiras,mentiras e ludibrios que nascem de não serem suportáveis as contradições próprias do sistema. Quanto muito conseguem adiar-se as roturas. Com as consequências sobre os ombros e o imo dos mais fracos.
Depois de terem esperado que houvesse uma atitude não-negociadora por parte dos eleitos (pelos) gregos, a imposição da extensão da troikulenta ajuda - com algumas  flexibilidades (quais as que viessem a negociar/conceder)... - só merece qualificativos mais duros que chantagem e prepotência.
Tentado por uma certa "moda", dá vontade de dizer "eu sou grego", acrescentando que, se grego fosse, provavelmente não teria votado no Syrisa.
E há que falar seriamente de coias sérias. 
Para quem ainda se quiser informar, e ainda no quadro de "saídas" dentro do sistema de relações de produção, há que lembrar que a dívida num Estado soberano (mesmo que provisoriamente desprezada essa soberania) não é só externa, que a dívida externa não é só pública (e em muitos casos é - ou era - a menor parte da dívida externa). Daqui ser animador começar a ouvir vozes dissonantes do que se pretendia consensual. É animador "ouver" R. Pais Mamede dizer que há que negociar com os credores mas que há, também que estruturar a dívida externa e ver como ela foi sendo transferida de particulares (empresas, como bancos), que a empolaram, para dívida pública, a pagar pelos cidadãos conhecidos por contribuintes; como é ler Stiglitz escrever sobre reestruturação (não foi, decerto, erro de tradução): "Não é a reestruturação da dívida, mas a sua ausência, que é imoral. Não esiste nada particularmente especial sobre os dilemas da Grécia"
Como se irá ver!
Em Setembro do ano passado, retomando muitos escritos anteriores (alguns por aqui), disse: "Continuando a década anterior, de ilusão e de criação de condições, os anos deste século foram desastrosos economicamente. Há que pôr fim ao desastre! Como? É a pergunta mais próxima da que fazer? Há 20 anos que estou convicto que, estrategicamente, seriamos incómodos na moeda única mas que, uma vez estando nela, essa presença foi aproveitada como peça da armadilha encarregada de nos corrigir de descaminho a que nos levara o 25 de Abril. (...) Faz-se alguma confusão com os verbos renegociar e reestruturar. Há que renegociar a dívida pública, e há que reestruturar a dívida externa, quer numa quer noutra acção (verbalizar é agir) há que ter em particular atenção o controlo da circulação de capitais sob a forma de dinheiro, e desmistificar fórmulas falaciosas de capitalismo controlador, putativo sucessor de um capitalismo regulador cuja evolução recente tem episódios que são reveladores do que tem sido sempre visto (por nós) como inevitável fracasso (sendo uma consensualidade que não se pode pagar uma dívida com uma política que a faz crescer)."