Duas e últimas breves notas.
A primeira, transcrevendo uma leitura, das que é bom ter sempre "à mão". De semear...
Dois trechos de O imperialismo, fase superior do capitalismo, de Lenine, 1917:
«II - Os Bancos e o seu Novo Papel
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A operação fundamental e inicial que os bancos realizam é a de intermediários nos pagamentos. É assim que eles convertem o capital-dinheiro inactivo em capital activo, isto é, em capital que rende lucro; reúnem toda a espécie de rendimentos em dinheiro e colocam-nos à disposição da classe capitalista.
À medida que vão aumentando as operações bancárias e se concentram num número reduzido de estabelecimentos, os bancos convertem-se, de modestos intermediários que eram antes, em monopolistas omnipotentes, que dispõem de quase todo o capital-dinheiro do conjunto dos capitalistas e pequenos patrões, bem como da maior parte dos meios de produção e das fontes de matérias-primas de um ou de muitos países. Esta transformação dos numerosos modestos intermediários num punhado de monopolistas constitui um dos processos fundamentais da transformação do capitalismo em imperialismo capitalista, e por isso devemos deter-nos, em primeiro lugar, na concentração bancária.»
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Mais adiante:
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«"Os bancos criam, à escala social, a forma, mas nada mais que a forma, de uma contabilidade geral e de uma distribuição geral dos meios de produção" - escrevia Marx, há meio século, em O Capital (trad. rus., t. III, parte II, p. 144). Os dados que reproduzimos, referentes ao aumento do capital bancário, do número de escritórios e sucursais dos bancos mais importantes e suas contas correntes, etc., mostram-nos concretamente essa "contabilidade geral" de toda a classe capitalista, e não só capitalista, pois os bancos recolhem, ainda que apenas temporariamente, os rendimentos em dinheiro de todo o género, tanto dos pequenos patrões como dos empregados, e de uma reduzida camada superior dos operários. A "distribuição geral dos meios de produção": eis o que surge, do ponto de vista formal, dos bancos modernos, os mais importantes dos quais, 3 a 6 em França e 6 a 8 na Alemanha, dispõem de milhares e milhares de milhões. Mas, pelo seu conteúdo, essa distribuição dos meios de produção não é de modo nenhum "geral", mas privada, isto é, conforme aos interesses do grande capital, e em primeiro lugar do maior, do capital monopolista, que actua em condições tais que a massa da população passa fome e em que todo o desenvolvimento da agricultura se atrasa irremediavelmente em relação à indústria, uma parte da qual, a "indústria pesada", recebe um tributo de todos os restantes ramos industriais.
Quanto à socialização da economia capitalista, começam a competir com os bancos as caixas económicas e as estações de correios, que são mais "descentralizadas", isto é, que estendem a sua influência a um número maior de localidades, a um número maior de lugares distantes, a sectores mais vastos da população.(…)»
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Segunda nota, e - para acabar - muitísimo breve, é sobre um aspecto que não deixar de aqui registar e tem a ver com a recente visita a Angola do Presidente da República, e, depois, do 1º ministro.
Não só me pareceu ter significado o desfasamento, o desencontro, entre as duas viagens, como bem me pareceu (mas isto sou eu a ter pareceres...) que a visita de Cavaco Silva - ex-1º ministro e actual PR - mais pareceu de um Presidente da República de regime político presidencialista, em que o PR é, também, o chefe do executivo, que de um PR tal como a nossa Constituição o define nas suas competências e funções.
E, ainda por cima (ou por baixo...), tudo a acontecer em simultâneo com a apresentação (se ao que aconteceu se pode chamar apresentação!?) de um projecto de revisão constitucional em que as ditas funções e competências são postas em causa ou em revisão, não se sabe é muito bem como e para onde, em que direcção.