segunda-feira, julho 18, 2011

25 anos de Portugal na (hoje) União Europeia

Fui convidado/convocado a escrever, para a revista dos deputados do PCP no PE (que tanto me diz... de bom e de mau), um texto sobre os 25 anos de Portugal na U.E. Pensava desincumbir-me da tarefa com "uma perna às costas" pois há 49 anos (agora contados) que escrevo coisas sobre coisas relacionadas com a integração capitalista europeia, mas meti-me por caminhos (e trabalhos) que me deram "água pela barba (branca)". Há sempre maneiras novas... e esta que absorveu-me tanto que até me distraiu de outras coisas, como este blog que vou alimentando. Bom, aqui estou, sem nunca ter deixado de estar...

Do texto, reproduzo a abertura e o fecho (pelo meio, pelo miolo, há muitas tabelas e gráficos (e menos de 12.000 caracteres como me foi imposto...) e ficam muitas pistas!

«Portugal já existia antes de “entrar” para o que mal se chama a Europa, a (mal) dita Europa…
(...)
«Poderia, na resposta a convite-convocatória para tratar deste tão relevante “balanço” da pertença de Portugal, como Estado-membro, a uma “Comunidade” muito pouco comunitária que mudou para uma “União” nada unida, ter feito outras abordagens, entrado por outros caminhos. Mas este era um deles, ou esta uma daquelas
Com as pistas que se abriram e actualizaram – sem a preocupação de estudo académico nem a filia dos “números exactos” – é clara a conclusão de
• que, neste quarto de século, a economia portuguesa se tornou mais dependente,
• que essa dependência tem expressão financeira de endividamento crescente por efeito do aprofundamento de défices de vário tipo, sobretudo por destruição da capacidade produtiva,
• que o nível de vida dos portugueses só aparente e artificialmente começou a aproximar-se do chamado “nível europeu”, perdendo base de sustentação com a brutal diminuição da “riqueza da nação”,
• que, desde a existência da moeda única, ainda mais o nível de vida dos portugueses se afastou  desse “nível europeu”, contra aparências ilusórias, inevitável e dramaticamente desmascaradas .

• Que foram anos de perda de soberania, que não é um conceito obsoleto e que não se perde – a não ser temporariamente – porque é uma razão de ser de um povo com séculos. Que não vai à falência como se uma empresa fosse.

Portugal continuará a existir, depois de 25 anos como Estado-membro da União Europeia, e dos mais que vierem a ser, e continuará a existir para além desta e do que nesta se for transformando.»

6 comentários:

Justine disse...

Uma entrada, nas condições em que foi, que só nos trouxe prejuízo!
O teu artigo é bem claro e dismistificador!

Graciete Rietsch disse...

Portugal sempre pertenceu à Europa e há-de continuar a pertencer, a não ser que haja um cataclismo como o que liquidou os dinossauros.Mas desta União Europeia que nos tem destruído e colonizado, espero que se liberte pela força do seu Povo.
Gostei muito de ler o teu texto.

Um beijo.

Carlos Gomes disse...

A soberania de Portugal não é um dado adquirido só porque existe como tal há mais de oitos séculos. Antes pelo contrário, a perda definitiva de soberania é uma forte probabilidade que deve ser encarada sem ilusões. Aliás, o convencimento de que tal jamais sucederá é uma presunção bastante perigosa porque, entre outros aspectos, desarma e reduz o nível de vigilância dos portugueses.
Para além do aspecto geográfico, Portugal nunca pertenceu à Europa mas antes a um mundo que ele próprio construiu em vários continentes, ligado através do mar e que foi a razão de ser da nossa independência durante todo este tempo. Nós somos mais africanos, asiáticos e brasileiros do que europeus... Ironicamente, a grandeza de Portugal de outrora está neste momento a projectar-se nas nações a que deu origem, mormente em Angola e sobretudo no Brasil. E, são estes países que agora nos chamam para integrar uma nova epopeia! Basta que estejamos atentos às declarações dos responsáveis desses países...
A título de exemplo, é com eles e não com a UE que teremos um dia de partilhar a nossa Zona Económica Exclusiva e, com grande probabilidade num futuro próximo, a Plataforma Continental. Por razões óbvias, todos os países lusófonos dispõem de um imenso mar que podem partilhar, o que não sucede com os países da UE onde alguns nem sequer acesso ao mar possuem... e, no entanto, é um país com uma dimensão marítima infinitamente menor do que Portugal que tira o maior partido da nossa ZEE e nos inunda as portas das lotas com o seu pescado. Até nisto, a UE só tem a ganhar - ou a perder! - connosco!
Nunca, desde 1580 se viu tantas personalidades portuguesas serem agraciadas pelo país vizinho, numa clara operação de aliciamento das elites... receio bem que, desta vez, a perda de soberania não seja apenas inevitável como seja ainda irreversível!

Maria disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria disse...

Este post devia ser lido por todo este povo que ainda acha que a união europeia é/foi/será a salvação... de quê ou de quem?

Um beijo.

samuel disse...

Felizmente, já não fica tudo a rosnar "traidor" quando se dizem estas verdades...

Abraço.