sábado, novembro 20, 2010

Pequeno intervalo

Voltei a casa. Depois de 24 horas de ausência que pareceram dias ou semanas.
Cansado?
Um pouco! Mas muito tranquilo e satisfeito.
Enquanto não abro a televisão, concedo-me uma curtíssima trégua. Depois... será a irritação pela desavergonhada versão que nos irá ser transmitida. Pelo que esconderá, pelo que (e como) irá irá ser salientado na "informação" a milhões.
Queixoso?
Mais p'ró carunchoso.
Mas vou recuperar já já dos achaques e dos ataques. A luta não permite tréguas. Apenas pequenos intervalos. Dos que revitalizem.


AS PALAVRAS

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade

2 comentários:

Maria disse...

É um cansaço bom o que temos, hoje.

Beijo.

Graciete Rietsch disse...

Lindo poema este.
Mas de facto as palavras cristalinas,puras, são tantas vezes deturpadas e assim recolhidas!!!!!!

Um beijo.