segunda-feira, novembro 29, 2010

Descontos de 50% nos saldos em tempo de crise - 1

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Há fraquezas assim. Gosto de ler o Cem por Cento do Nicolau Santos, no Expresso-Economia. O homem “diz coisas”. Também, quase sempre, me irrita muito. Como é que um homem que, lucidamente, escreve “estas coisas”… também escreve aqueloutras coisas”? Cem por Cento, na minha avaliação, oscila entre o muito positivo (sei lá… 90%) e o negativo (sei lá…

-10%). Fiquemo-nos pelos 50%!
Como se sabe, tudo tem explicação. Mas não são explicações que, para aqui e para agora, interessam. Poderia continuar pela generalidade, no abstracto, mas vou ao concreto. Ao último Cem por Cento.

Merkl volta a atacar é uma nota de meia coluna na parte legível da página (um quarto de página é anúncio) que faz uma abordagem que me interessa particularmente. Tanto que, antes de a ler, já escrevera – em catarse – uma “entrevista falhada com a D. Ângela…” que publiquei neste blog. Diz NS, a acabar “… o que Merkl está a fazer não é só impor fortes ajustamentos aos países periféricos. Está a contribuir para que isso seja feito com a maior dor social possível. E isso é imperdoável.”
Final da nota do quarto de coluna abaixo, sobre A fatura da eletricidade: “… a crise exige que sejam renegociados estes compromissos para aliviar o esforço fiscal brutal que está a ser pedido aos cidadãos.” A ser pedido? E ficar-nos-iamos por aí?, pela renegociação de compromissos facturados?
Do outro lado da página, duas notas. Uma, a de baixo, A melhor incubadora do mundo, valoriza essa “novidade”, que também já aqui tratei com o alerta que me parece pertinente e que, evidentemente, não coincide com o entusiasmo que a nota de NS transmite.
A outra nota, a de cima, E por falar em culpados, começa assim: “Anda a fazer caminho a tese de que todos somos responsáveis pela crise. É uma forma de branquear a responsabilidade fundamental que o sistema financeiro norte-americano e a Reserva Federal, durante o consulado de Alan Greenspan, têm nesta desgraça…” e ilustra o que me leva a ficar irritado com os Cem por Cento. A propósito de esta desgraça, no capitalismo não se toca! Nem com uma flor…
Não é o funcionamento do capitalismo que, inevitavelmente (a única inevitabilidade!), nos trouxe a esta desgraça?!, o mais longe que se vai é ao “sistema financeiro norte-americano” e à “Reserva Federal”, e mesmo estas porque tiveram “o consulado de Alan Greenspan… porque, ao que parece, se em vez deste culpado (esta obsessão de culpa individual…), tivesse sido outro a “consular” tudo estaria a correr sobre rodas e não sobre caroços de azeitonas.

Nessa trilha, junta mais uns tantos nomes. Como culpados, que até o serão de muita coisa, mas que não podem substituir-se à “culpa do capitalismo”, do sistema que assim funciona, que assim tem de funcionar. E que, nesse funcionamento, vai tendo os seus agentes, uns com maior outros com menor destreza e inteligência na manipulação das alavancas. Que são as que levem à multiplicação do capital financeiro, pela exploração na sua base real, pela especulação no que cria de falso, de fictício.
Mas, sobre isto voltarei, ao comentar o “miolo” do Cem por Cento na sua última edição, Cinco mitos sobre a crise.

3 comentários:

GR disse...

Este senhor está entre deus e o diabo, manipula ideias não só nos jornais, Tv e rádio.
Não gosto deste mercenário da palavra.
Mas leio com todo gosto os teus post’s, contigo aprendemos.

Bjs,

GR

Graciete Rietsch disse...

O capitalismo já provou ser um sistema falhado. Mas, como é de grande utilidade a uns poucos, eses muito poucos defendem-no sempre à custa da exploração de muitos.

Um bejo.

Medronheiro disse...

Eu quero que o Nicolau leve na cabeça com um pau.