sábado, novembro 27, 2010

As "mudanças"

É corrente, recorrente, corriqueira, a fórmula "é preciso mudar alguma coisa para que tudo continue na mesma". Desde Lampedusa - se dele é a fórmula original... - a todas as corruptelas, algumas trazidas pelas traduções.
Com o andar dos anos, a velhice e a obsolescência vão-se impondo e, por mais operações de cosmética, implantes e transplantes, é inexorável (e angustiante) que as mudanças não mudem o que é inexorável.
Assim em cada um de nós, animais que somos, assim naquilo que nós, seres humanos, criamos, na sociedade e suas transformações.
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As designações, a terminologia, ilustram esses esforços para mudar as fachadas com a convicção ou a intenção de que nada mude no essencial.
No capitalismo, nos anos 90 apareceu a "novidade" dos clusters, com um protagonista-bonzo - M. Porter -, depois, muitas outras coisas foram aparecendo, sendo "moda", desaparecendo, como as designações aliciantes e aliciadoras de criação do próprio emprego e os chamados nichos de empresas. Tudo na mesma "onda".
Nessa "onda", agora é o empreendedorismo e, juntamente mas ainda mais recente, essa grande "descoberta" das incubadoras, que não são aviários mas que parecem querer ser.
Nestas "mudanças", os seus veiculadores se iludem a si próprios (os de boa fé) quando auto-convencidos de estarem, no capitalismo, a viver na estação terminal, definitiva, da organização da sociedade, e enganando todo o mundo. E ninguém!

2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Grande filme "O Leopardo".
Nele se ilustra muito do que nos querem impôr.
Já o vi várias vezes.

Um beijo.

o castendo disse...

A frase de Lampedusa, tal como está no livro:“Se vogliamo che tutto rimanga com’è, bisogna che tutto cambi”
http://ocastendo.blogs.sapo.pt/search?q=lampedusa&Submit=OK