Leia quem quiser (e teria muito gosto se fossem muitos a ler).
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Camaradas,
acabada a primeira mensagem, fiquei muito insatisfeito. Nunca se diz tudo o que se quer, e como se quer, mas às vezes isso é mais evidente, e até dorido, para quem o está a dizer.
As situações na nossa vida nunca se podem resumir (ou "redutir") em meia dúzia de palavras. Muito particularmente as dos afectos e as das opções políticas.
“Assim como muitos abandonaram a nossa luta e os vemos noutro lado da barricada, também alguns vieram de lá até nós, sem que nós lhes tenhamos feito qualquer concessão ideológica, bem pelo contrário. Às vezes, só por momentos ou só numa ou noutra situação.”, escrevi eu. E fiquei a pensar em muitas outras situações.
Há os que estão na luta, nesta que é a nossa. Porque para ela vieram e não a abandonaram. Mas, nestes, há muita maneira de estar.
- Há os que começaram a luta aos 6 anos, porque com essa idade-criança começaram a trabalhar como operários, e nunca a abandonaram, numa entrega total à luta, formando-se nela como homens, como dirigentes, como exemplo – comunistas com a carne, o sangue, os ossos, como teria dito Lenine – e lembro que um há poucos dias nos deixou, Joaquim Gomes, a quem presto comovida homenagem;
- há os que chegaram à luta por uma via outra, querendo perceber como são as coisas, a vida, a história, como e porque somos, como tudo se faz e desfaz, entre todos nós, ao longo de séculos e milénios, como intervir, como ser um tijolo na enorme construção da Humanidade – comunistas pela insaciável necessidade de aprender, aprender, aprender sempre (sempre com os outros), ainda como Lenine disse –, e alguns com o mérito duramente conquistado de serem iguais aos outros, deles seus filhos adoptivos, como Álvaro Cunhal.
Uns pela vida e o exemplo, outros pela opção e base teórica, misturando as duas maneiras de a ele chegarmos, somos o Partido.
Mas tantos, e tão válidos muitos, não o são.
Alguns deixaram de o ser porque se cansaram, porque não resistiram, porque mudaram e quiseram que o Partido mudasse com eles, fosse diferente. Com toda a legitimidade o quereriam, com outra (ou nenhuma) base teórica, outro tipo de organização, com toda a legitimidade até quando não o tentassem impor – em nome da democracia… - a todos os que o queriam manter na mesma senda.
Assim se fazem os caminhos da vida, e dos homens e das mulheres.
E da luta! Que continua. Contínua!
(ainda haverá mais uma mensagem-desabafo)
5 comentários:
Da teoria depurada e clara, à vida vivida coerentemnete sem medos!
Esqueci-me de te deixar um beijo:)))
É a vida... numa hora a ser moldada e temperada pela teoria, para logo a seguir a moldar e temperar de experiência... e de vida.
Abraço.
Belo texto!
Um abraço garnde.
Sim os caminhos são muitos, as motivações são imensas,mas a luta e a coerência apoiam-se na realidade.
Por isso fico sempre triste e custa-me a compreender os que perdem o rumo, principalmente se por eles tinha consideração.
Estarei a julgar- me detentora da verdade? Sei que não, porque
baseio os meus ideais na evolução da História, na Justiça e na dignidade do ser humano e na luta e filosofia de prersonalidades que permitiram todos os passos em frente que até hoje foram dados.
Claro que o erro é sempre possível, mas a autocrítica ajuda a alterear o percurso sem perder os ideais.
Um beijo.
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